Acervo cinematográfico estava em Roma desde 1979. Operação ‘resgate’ envolveu Itamaraty, Minc e FAB. Cinema Nacional comemora 125 anos nesta segunda-feira (19).
A ministra da Cultura, Margareth Menezes
Divulgação
O cinema brasileiro comemora 125 anos nesta segunda-feira (19) com a repatriação de 144 obras nacionais que estavam na Itália desde 1979.
O acervo, que conta com filmes antigos e de diversos gêneros, voltará para a guarda da Agência Nacional do Cinema (Ancine), vinculada ao Ministério da Cultura (MinC). Entre os títulos estão “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade, e “Vidas Secas”, de Nelson Pereira dos Santos (leia mais abaixo).
As obras estavam em Roma desde o final da década de 1970, quando foi fechado o escritório da antiga Embrafilme na capital italiana. A empresa acabou extinta antes de trazer os filmes ao Brasil.
Com isso, o acervo ficou provisoriamente sob a responsabilidade da embaixada do Brasil em Roma, que não conseguiu enviar o material de volta em razão de dificuldades técnicas e os altos custos para viabilizar a operação por via postal
“O retorno desse acervo é um reencontro do país com sua própria cultura, com sua memória e sua identidade. Reforça também a importância do trabalho de preservação e de difusão das obras para os estudiosos e os amantes do cinema, que será feito aqui pela Cinemateca Brasileira”, comemorou a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Operação ‘resgate’
Segundo o ministério, o material está distribuído em 524 rolos de acetato, o equivalente a quase duas toneladas.
A operação de “resgate” envolveu a embaixada brasileira em Roma, o Itamaraty, a Força Aérea Brasileira (FAB), o MinC e a Ancine.
“É possível que haja ali títulos considerados ‘perdidos’, dos quais já não existem outras cópias no Brasil”, afirmou Hudson Caldeira, chefe do Setor Cultural da Embaixada do Brasil em Roma
De acordo com Caldeira, o retorno das cópias de filmes de grande circulação, como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, poderão ser úteis para “restaurar matrizes e preservar a nossa memória cinematográfica”.
Chegada ao Brasil
As obras chegaram ao Brasil neste sábado (17) em 81 caixas, cada uma pesando cerca de 26 quilos.
Apesar de ser um desejo antigo, o retorno do acervo ao Brasil ainda não havia sido concretizado em virtude da complexidade da operação.
Com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Itália nesta semana, o Minc, Ancine e Cinemateca enxergaram uma oportunidade de repatriar o patrimônio de forma segura, utilizando uma aeronave da FAB. O “resgate” contou com autorização da Presidência da República.
Agora, o material, sob a guarda da Ancine, será repassado à Cinemateca Brasileira, conforme prevê o termo de cooperação entre as duas entidades.
Obras repatriadas
Entre os títulos que retornaram ao Brasil estão:
O Menino do Tietê;
A Hora e a Vez de Augusto Matraga;
Porto das caixas;
O profeta da fome;
As amorosas;
Pindorama;
Copacabana me engana;
Macunaíma;
Os fuzis;
Lucíola, o anjo pecador;
As sete faces de um cafajeste;
Tempo de violência;
Corpo ardente;
Faustão;
Soledade a bagaceira;
O marido sem chifre em jardim
sem flor (trailer);
Marcelo zona sul;
Esse mundo é meu;
Bahia de todos os santos;
A margem;
La vita comincia domani;
Quando as mulheres paqueram;
Assim nem a cama aguenta;
Menino de engenho;
Antes o verão;
Perpétua;
Terra é sempre terra ;
O homem nu;
Ainda agarro essa vizinha;
Anjos da noite;
Vidas secas.
Cinema brasileiro faz aniversário e comemora repatriação de 144 obras nacionais
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