
Vítima enviou um e-mail a instituição pedindo socorro. Segundo ela, marido a vigiava por câmera de segurança e que filho de 4 anos do casal presenciava agressões. Casa da Mulher Brasileira, em Curitiba, reúne vários órgãos da rede de apoio às vítimas
Divulgação/SMCS
A Casa da Mulher Brasileira é uma instituição que oferece atendimento integral e humanizado para mulheres em situação de violência.
Uma mulher de 23 anos que estava sendo mantida em cárcere privado pelo próprio marido há 5 anos em Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba, enviou um e-mail para a instituição relatando a situação de violência que vivia e foi resgatada na sexta-feira (14). Leia mais a seguir.
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A instituição oferece atendimento todos os dias da semana, 24 horas por dia, e é referência no trabalho ao atendimento a todos os tipos de violência contra a mulher.
Nela, é possível encontrar:
Serviço de acolhimento e apoio psicossocial, com assistentes sociais e psicólogas;
Delegacia da Mulher, para registros de Boletim de Ocorrência, proteção e investigação dos crimes de violência doméstica, feminicídio e violência sexual;
Defensoria Pública, que oferece orientação às mulheres atendidas pela Casa sobre os direitos, prestação de assistência jurídica e acompanhamento de todo o processo judicial;
Juizado de Violência Doméstica e Familiar, responsável por processar, julgar e executar causas decorrentes da prática destes crimes;
Ministério Público, dedicada a promoção de ação penal nos crimes de violência contra as mulheres e fiscalização dos serviços da Rede de Atendimento;
Patrulha Maria da Penha, na qual Guardas Municipais realizam o acompanhamento das mulheres que já receberam medida protetiva, em visitas periódicas;
Brinquedoteca para crianças até 12 anos de idade, enquanto as mulheres recebem atendimento em qualquer um dos serviços na Casa
Central de Transportes, que oferece deslocamento de mulheres para os demais serviços da Rede de Atendimento;
Programas voltados à autonomia econômica das mulheres.
Onde encontrar a Casa da Mulher Brasileira?
Em Curitiba, a Casa da Mulher Brasileira fica na Avenida Paraná, 870, no Bairro Cabral.
É possível contatá-la pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (41) 3221-2701 e (41) 3221-2710.
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Resgate de cárcere após e-mail
Vítima usou o e-mail do marido, suspeito de agredi-la, para pedir ajuda.
Reprodução/RPC
Na sexta-feira, uma mulher de 23 anos foi resgatada após enviar um e-mail pedindo socorro para a Casa da Mulher Brasileira.
A vítima usou o e-mail do próprio marido para pedir socorro, porque não tinha acesso a um aparelho celular. O e-mail foi enviado às 7h05 da manhã do dia 7 de março, com o endereço em nome de um homem.
“Me ajudem. Eu sofro muita violência doméstica e não consigo ir até a delegacia. Eu estou sendo vigiada por câmeras 24 horas. Tenho um filho de quatro anos e quero sair de casa com meu filhinho. Ele vê tudo o que passo. Me ajudem por favor”, disse a vítima no e-mail.
Além da denúncia, ela também deu informações sobre onde estava e as orientações para que a ajuda chegasse até o local.
Em entrevista à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, Sandra Prado, coordenadora-geral da Casa da Mulher Brasileira em Curitiba, disse que o nome masculino no e-mail chamou atenção.
O pedido foi analisado por uma psicóloga, que entrou em contato com a Patrulha Maria da Penha, da Polícia Militar (PM), para iniciar as investigações junto à Polícia Civil.
O resgate ocorreu sete dias depois que o e-mail foi enviado, após uma investigação sigilosa.
Quando a equipe policial chegou ao endereço, a vítima negou ter feito a denúncia.
Os policiais, então, pediram para que ela mostrasse o celular que usava e questionaram qual era o e-mail cadastrado no aparelho. Eles notaram que a informações coincidiu com o endereço registrado pela Casa da Mulher Brasileira.
A mulher acabou relatando que sofria violência e era monitorada por uma câmera de segurança instalada na porta da residência. Ela disse que era agredida e amarrada para que não saísse de casa ou denunciasse.
O filho do casal, de 4 anos, também era mantido em cárcere privado, segundo a polícia, e foi resgatado junto à mãe.
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Vítima também pediu socorro usando bilhete
Mulher também pediu socorro por meio de bilhete entregue em posto de combustíveis há 15 dias
PMPR
Há cerca de 15 dias, a vítima entregou um bilhete pedindo socorro em um posto de combustíveis da cidade. Ela estava acompanhada e deixou o papel em um momento que ficou sozinha.
“Me ajude. Sofro muita violência em casa”, dizia o papel.
Na época, a PM foi comunicada sobre a denúncia e fez diligências na região indicada, mas não encontrou a mulher e nem o suspeito. Por conta disso, ela não foi resgatada.
O bilhete, entretanto, ajudou a confirmar que tratava-se a mesma mulher que havia pedido ajuda pelo endereço eletrônico.
Suspeito foi liberado após passar por audiência de custódia
O marido da vítima foi preso em flagrante, na sexta-feira (14). No domingo (16), foi liberado após passar por audiência de custódia.
Na ocasião, o Ministério Público se manifestou contra a prisão preventiva do homem, afirmando que o suspeito não apresentava antecedentes criminais relevantes e que a medida protetiva vigente seria suficiente para preservar a integridade física e psicológica da vítima.
Na segunda-feira (17), o MP voltou atrás e solicitou a prisão preventiva do homem, destacando a periculosidade do suspeito e a necessidade da medida para a garantia da segurança da mulher e dos familiares.
“O pedido de prisão preventiva foi realizado após o recebimento de novas informações, sobretudo do temor enfrentado pelas vítimas e seus familiares”, afirma a promotora de Justiça Thaís Bueno Martins Ribeiro.
O suspeito deve responder pelos crimes de sequestro, cárcere privado, causar dano emocional à mulher e ameaça, todos no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Conivência da família e câmeras de segurança
A vítima contou à polícia que o homem, de 23 anos, a vigiava por meio de uma câmera de segurança que ficava voltada para a porta da residência.
Segundo o delegado Gabriel Fontana, a polícia apreendeu as câmeras de monitoramento e está extraindo as imagens para integrar as investigações.
A mulher relatou ainda que o suspeito não a deixava contatar outras pessoas se ele não estivesse presente, e que o filho de 4 anos do casal também vivia preso dentro de casa e presenciava as agressões.
A vítima afirmou que não tinha celular, e só tinha acesso a um aparelho que era usado em conjunto com o homem. Disse ainda que já foi amarrada e asfixiada pelo suspeito em diversas ocasiões.
Ainda conforme a mulher, os familiares sabiam da situação e eram coniventes com as agressões, acobertando o marido.
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