
O Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, deve decidir, em reunião nesta terça (18) e quarta-feira (19), elevar a taxa básica de juros da economia brasileira em 1 ponto percentual.

Taxa Selic pode chegar a 15% no meio do ano – Foto: Freepik/Reprodução/ND
Com isso, a taxa Selic passará dos atuais 13,25% para 14,25% ao ano, atingindo o maior nível desde julho de 2006. Essa seria a quinta alta consecutiva desde setembro do ano passado e a segunda reunião sob o comando do presidente do BC, Gabriel Galípolo, que assumiu o cargo no início de 2024.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Juros mais altos encarecem o crédito, desestimulam o consumo e a produção, e ajudam a frear o aumento de preços. No entanto, taxas elevadas também podem dificultar o crescimento econômico.
Inflação e cenário fiscal pressionam decisão do Copom
O Banco Central intensifica o aumento dos juros para conter a inflação, que registrou alta de 1,31% em fevereiro, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Esse foi o maior índice para o mês desde 2003. Apesar disso, a queda do dólar, que fechou em R$ 5,74 na sexta-feira (14), trouxe algum alívio ao cenário inflacionário.
De acordo com análise da equipe econômica do C6 Bank, liderada por Felipe Salles, a valorização do câmbio compensou parcialmente o aumento das expectativas de inflação.

Taxa Selic tem ligação direta com situação da inflação – Foto: Freepik/ND
“Acreditamos que o Banco Central fará mais duas altas nos juros, além da já sinalizada para esta semana, elevando a taxa Selic para 15% até o meio do ano. A taxa deve permanecer nesse patamar até o fim de 2026”, afirmou Salles em nota.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, concorda que o câmbio mais baixo ajuda a aliviar a pressão sobre os preços, mas destaca que o BC deve manter o ciclo de alta dos juros para atingir a meta de inflação de 3%.
“Esperamos uma alta de 1 ponto percentual nesta semana, como já sinalizado pelo BC. O cenário ainda é desafiador, com riscos fiscais e incertezas globais”, disse Sung.
Ciclo de alta pode se estender até o final do ano
Analistas da XP acreditam que, se a desaceleração da atividade econômica se intensificar, o Copom poderá interromper o ciclo de alta antes do previsto. “Mantemos nossa previsão de crescimento do PIB em 2% este ano, com a Selic atingindo 15,50% após altas de 1, 0,75 e 0,50 pontos percentuais nas próximas três reuniões”, afirmou a instituição em relatório.

Bancos projetam aumento da taxa Selic para controle da inflação – Foto: Reprodução/ND
Já o Sicredi e o Bradesco projetam que a taxa Selic será elevada para 14,25% ao ano nesta semana. Economistas do Bradesco destacam que a queda nos preços das commodities e a valorização do câmbio devem contribuir para projeções menores de inflação no horizonte relevante.
“O BC provavelmente buscará se beneficiar do tempo e dos dados que serão divulgados, ajustando sua política monetária conforme necessário”, avaliou o banco em nota.
Entenda a Taxa Selic
A taxa Selic é a referência para os juros da economia brasileira. Ela serve como base para os empréstimos entre bancos e para as aplicações em títulos públicos federais.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e controlar a inflação, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Por outro lado, quando a Selic é reduzida, o crédito tende a ficar mais barato, incentivando o consumo e a produção.

Taxa Selic passa por ciclo de alta – Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O atual ciclo de alta da Selic começou em setembro de 2023. Em novembro, a taxa subiu 0,50 ponto percentual, chegando a 11,25%. Em dezembro, houve alta de 1 ponto percentual, elevando a Selic para 12,25%. Em janeiro de 2024, outro aumento de 1 ponto percentual levou a taxa a 13,25%. Agora, a expectativa é que a taxa Selic chegue a 14,25% ao ano, com possibilidade de novas altas até o final do ano.
* Com informações do R7