
Uma reunião foi realizada na última segunda-feira (10) em Balneário Camboriú, Litoral Norte de Santa Catarina, para tratar sobre o transporte dos restos mortais de Higino Pio, primeiro prefeito da cidade morto na ditadura militar, para o Cemitério Municipal da Barra, fundado pelo mesmo.
Conforme informações da Prefeitura de Balneário Camboriú, a prefeita Juliana Pavan realizou esta conversa com a família de Higino para iniciar as tratativas. Foi confirmado o interesse pela parte dos parentes.

Restos mortais de Higino Pio devem ser transportados para cemitério em BC – Foto: Daniel Queiroz/Arquivo/ND
O município afirmou ainda que os familiares do ex-prefeito disseram que, na época, não tiveram escolha sobre o local, pois, foi uma determinação que Higino fosse enterrado no Cemitério Municipal da Fazenda, em Itajaí.
A ideia inicial é que os restos mortais de Higino Pio sejam transportados de Itajaí para Balneário Camboriú no dia 20 de julho, aniversário da cidade, juntamente com honras a memória do primeiro prefeito.

Cemitério da Barra, em Balneário Camboriú, foi construído por Higino Pio – Foto: SECOM BC/ Divulgação
Primeiro prefeito de BC teve suicídio forjado na ditadura militar
Higino João Pio foi um dos dez políticos de Santa Catarina mortos ou desaparecidos durante a ditadura militar do Brasil (1964-1985). Nascido em Itapema, Pio foi o único morto em território catarinense.
Ele foi preso em fevereiro de 1969 e morreu em 3 de março do mesmo ano, sob custódia do Estado. A versão oficial da época alegou suicídio por enforcamento, mas perícias posteriores apontaram para homicídio por estrangulamento. As informações são da Comissão da Verdade.

Higino João Pio, entre o deputado estadual Nilton Kucker e o governador Ivo Silveira – Foto: Reprodução/ND
Ainda de acordo com o documento, a prisão aconteceu em uma quarta-feira de cinzas e foi realizada pela Polícia Federal. Juntamente com ele foram outros funcionários da prefeitura. Higino permaneceu incomunicável após ser levado à Escola de Aprendizes de Marinheiros, em Florianópolis. Os demais funcionários da prefeitura foram soltos depois do depoimento.
Conforme a Comissão da Verdade, a versão oficial apontava a causa da morte como asfixia por enforcamento, sem equimoses ou escoriações no corpo. A versão foi contestada por evidências de hematomas.

Júlio Cesar Pio, filho de Higino Pio, tinha 14 anos quando o pai morreu – Foto: Daniel Queiroz/Arquivo/ND
Filho de Higino Pio fala ao ND Mais
Ao portal ND Mais, Júlio César, filho de Higino, contou que, além de político, o pai trabalhou como empresário e hoteleiro. Ele e o restante da família, até hoje, não sabem o que aconteceu, e aguardam respostas.
“É difícil para a gente. Hoje vemos que as pessoas só falam bem dele. Ele ajudava os pobres, só pensava no bem das pessoas. Como prefeito, é responsável pelas principais avenidas, construiu mais de 200 casas e não cobrou às famílias, construiu muitas escolas”, disse Júlio. Ele enfatiza a inocência do pai e diz não saber quem fez a denúncia política.