‘Por favor, mandem só amor para Mikey Madison, que aquela mulher é muito legal’, diz Fernanda Torres


Perfis de brasileiros inundaram as redes com críticas aos organizadores do Oscar por terem concedido o prêmio de Melhor Atriz para a americana protagonista de ‘Anora’. Mikey Madison, Fernanda Torres e Walter Salles posam no Oscar 2025
Mark Von Holden / The Academy
No fim de uma entrevista coletiva para jornalistas brasileiros e latino-americanos nesta segunda-feira (3), Fernanda Torres fez um apelo para os fãs brasileiros de “Ainda estou aqui”. “Por favor, mandem só amor para Mikey Madison, que aquela mulher é muito legal”, ela comentou.
Fernanda perdeu o prêmio de melhor atriz no Oscar® 2025 para Mikey, protagonista de “Anora”, que ganhou outras quatro estatuetas, incluindo Melhor Filme. Perfis de brasileiros inundaram as redes com críticas aos organizadores do Oscar por terem concedido o prêmio de Melhor Atriz a Madison.
A atriz americana não tem redes sociais, mas perfis fake dela também ficaram cheios de comentários maldosos. No X e no Instagram, muitas pessoas também fizeram comentários hostis contra a vencedora do Oscar.
Torres também posou sorridente ao lado de Madison em foto divulgada pela Academia. Na imagem, a brasileira e a americana aparecem juntas com Walter Salles, que segurava a estatueta de melhor filme internacional por “Ainda Estou Aqui”. Fernanda também disputava o prêmio de melhor atriz com Demi Moore (“A substância”), Karla Sofía Gascón (“Emilia Pérez”) e Cynthia Erivo (“Wicked”).
Fernanda Torres conversa com Mikey Madison após cerimônia do Oscar
‘Melhor do que 1999’
Na entrevista, Selton Mello, Fernanda Torres e Salles também comentaram a experiência do Oscar. Salles comparou a premiação deste ano com a edição em que ele concorreu com “Central do Brasil”. “Foi muito mais divertido do que em 1999”, ele disse, rindo, em alusão ao ano em que “Central do Brasil” e Fernanda Montenegro perderam as estatuetas.
Os três também elogiaram “Anora”, o grande ganhador do Oscar com cinco edições. Para Fernanda, o filme de Sean Baker também representa bem o cinema independente. Ela contou que o diretor encontrou com ela e disse ter reconhecido em “Ainda estou aqui” a mesma forma com a qual ele faz cinema.
Discurso de Salles foi improvisado
Entrevista coletiva de ‘Ainda Estou Aqui’ após o Oscar
Reprodução
Walter Salles disse que perdeu o papel com seu discurso e teve que improvisar quando ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional. “Não sei se vocês repararam, mas eu fiquei ali com meus óculos sem ter o que ler”, ele comentou.
Veja como seria o discurso preparado por Salles:
“Obrigado, em nome do Cinema Brasileiro. Agradeço à Academia por reconhecer a história de uma mulher que, diante de uma tragédia causada por uma ditadura militar, optou por resistir para proteger sua família. Em um tempo em que tais regimes estão se tornando cada vez menos abstratos, dedico esse prêmio a Eunice Paiva e a todas as mães que, diante de tamanha adversidade, têm a coragem de resistir. Que nos ensinam a lutar sem perder a capacidade de sorrir, mesmo quando elas se sentem frágeis. Este prêmio também pertence a duas mulheres extraordinárias, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. Elas não apenas elevaram nosso filme, mas representam o fato de que a arte resistiu no Brasil. Governos autoritários surgem e desaparecem no esgoto da história. E livros, canções e filmes ficam conosco… Obrigado a todos, em nome o cinema brasileiro e latino-americano!! Viva a Democracia, Ditadura Nunca Mais!”
Veja como foi o discurso improvisado no Oscar:
“Em nome do cinema brasileiro, é uma honra tão grande receber isso de um grupo tão extraordinário. Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande em um regime tão autoritário, decidiu não se dobrar e resistir… Esse prêmio vai para ela: o nome dela é Eunice Paiva. E também vai para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela. Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, disse Walter Salles durante seu discurso e agradecimento. Ele também citou os nomes de Tom Bernard e de Michael Baker, executivos da Sony Pictures Classic, principal produtora internacional do filme.
“Ainda estou aqui” venceu o prêmio de melhor filme internacional no Oscar® 2025, neste domingo (2) em Los Angeles (EUA). Histórico, o momento marca a primeira vitória do Brasil no Oscar. O longa disputava o troféu com “A garota da agulha” (Dinamarca), “Emilia Pérez” (França), “A semente do fruto sagrado” (Alemanha) e “Flow” (Letônia). A categoria foi anunciada pela atriz Penélope Cruz.
Além de melhor filme internacional, o filme concorreu em outras duas categorias no Oscar: melhor atriz (Fernanda Torres) e melhor filme. Mas perdeu para “Anora” em ambas. O filme vai estrear no catálogo do Globoplay no dia 6 de abril, um domingo. O filme de Salles fica em cartaz nos cinemas brasileiros até a quarta-feira anterior ao lançamento, dia 2 do mesmo mês.
Inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, “Ainda Estou Aqui” é o primeiro original Globoplay. “Que emblemático termos recebido o nosso primeiro Oscar e tantos outros prêmios importantes no ano em que celebramos 100 anos de Globo. ‘Ainda Estou Aqui’ é um filme brilhantemente contado e executado, com performances excepcionais que conquistaram essa ascensão tão bonita. Investir, viabilizar e abrir espaço para o talento brasileiro é a missão da Globo há tantos anos e é motivo de grande orgulho ver esse talento ser reconhecido entre os melhores do mundo. Essa vitória é do nosso cinema e de todos nós, brasileiros!”, celebra Manuel Belmar, Diretor de Produtos Digitais, Finanças, Jurídico e Infraestrutura da Globo.
O longa conta a história real de Eunice Paiva (papel de Fernanda Torres), advogada e ativista que passou 40 anos procurando a verdade sobre o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva (interpretado por Selton Mello). O ex-deputado federal foi assassinado durante a ditadura militar.
Fernanda Torres parabeniza Walter Salles após “Ainda Estou Aqui” levar o Oscar de melhor filme internacional.
Chris Pizzello/AP

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