Vencedor do Oscar® se destacou com seu jeitão meio boneca russa de gêneros, levando cinco estatuetas no total, incluindo o prêmio de melhor atriz para Mikey Madison. ‘Anora’ leva Oscar® de Melhor Filme
Em uma temporada de premiações cheia de grandes concorrentes, “Anora” se destacou como vencedor do Oscar® com seu jeitão meio boneca russa de gêneros, levando cinco estatuetas no total.
À primeira vista, o ganhador do Oscar até parece apenas uma excelente e muito carismática comédia romântica com toques eróticos sobre uma stripper (Mikey Madison) que conhece e se casa com um jovem herdeiro russo (Mark Eidelshtein).
Mas não demora para que o novo filme escrito e dirigido por Sean Baker se desdobre em múltiplas novas camadas – de história baladeira com drogas e sexo a romance fofinho “good vibes” a farsa hilária e caótica com toques de crítica social cínica.
Todo esse incrível e excitante universo escondido, disfarçado em situações previsíveis, é guiado pela presença exuberante de Mikey Madison, que venceu o prêmio de melhor atriz.
Esta análise foi originalmente publicada em outubro de 2024
Assista ao trailer de ‘Anora’
Revelada com atuações psicóticas em “Era uma vez em… Hollywood” (2019) e “Pânico” (2022), ela supera o risco de passar o resto da vida escalada em papeis do tipo e prova ser uma força em ascensão inevitável em Hollywood.
Por trás da sensualidade e carisma de sua protagonista, a atriz de 25 anos abriga uma vulnerabilidade – e, ok, uma boa dose de loucura – indispensável para a virada de estilo da trama e o final arrematador.
A paixão improvável entre o casal, que começa como uma transação entre uma – digamos – fornecedora de serviços e um cliente afoito, até parece possível graças à sua atuação de gala.
O público não só entende como alguém se apaixonaria por ela em poucos dias a ponto de fazer a grande proposta, mas ainda pode acreditar que a jovem, em algum momento, talvez também tenha desenvolvido algo além da atração da segurança financeira.
Ao lado da americana, o melhor elenco de desconhecidos do ano apresenta uma das surpresas mais deliciosas do filme.
Yura Borisov, Mark Eidelshtein, Karren Karagulian, Mikey Madison e Artyom Trubnikov em cena de ‘Anora’
Divulgação
No início, é fácil se irritar com qualquer minuto longe do magnetismo da protagonista. Lenta e gradativamente, um trio de capangas (Karren Karagulian, Vache Tovmasyan e Yura Borisov) enviado pelos pais do rapaz para acabar com o casamento conquista um louvável equilíbrio.
Guiado por Madison e Baker, o roteiro afiado do cineasta dá aos três alguns dos momentos mais engraçados do cinema de 2024 e, apesar das gargalhadas, nunca perde de vista a história – e a mensagem – que quer contar.
Com quase duas horas e vinte minutos de duração, o filme se beneficiaria de um montador independente (o diretor assume também essa função). Outra pessoa talvez não tivesse tanta dificuldade em aparar arestas que prejudicam um pouco o ritmo lá pelo final.
Talvez seja de propósito. Depois de sua melhor e mais caótica sequência, o enredo mais uma vez reflete o estado de espírito de sua heroína em uma espiral constante de impotência e resignação cuja frustração só não é maior do que a força da porrada de seu desfecho.
Assim como sua protagonista, “Anora” não é perfeito, é selvagem e até pode ter um fim amargo, mas é engraçado e apaixonante – e dificilmente permite que alguém se arrependa do tempo dedicado.
Cartela resenha crítica g1
g1
Vache Tovmasyan em cena de ‘Anora’
Divulgação
‘Anora’ é farsa brilhante mascarada de romance erótico com atuação de gala de Mikey Madison; g1 já viu
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