Herdeiro do bicheiro Luizinho Drumond é suspeito de financiar esquema de furto de petróleo. Ele também foi investigado por possível envolvimento no assassinato de advogado no Centro do Rio. Contraventor Vinicius Drumond é alvo em operação contra furto de combustíveis de dutos da Petrobras
Vinicius Pereira Drumond, alvo de uma operação da Polícia Civil por suspeita de integrar uma quadrilha que rouba petróleo de dutos da Petrobras para vender, é filho e herdeiro na contravenção do bicheiro Luizinho Drumond, que morreu em 2020.
Investigações da Polícia Civil e do Ministério Público também apontam Vinicius como um dos integrantes da “nova cúpula” do jogo do bicho, tendo herdado do pai pontos na Zona da Leopoldina, que compreende bairros como Ramos, Manguinhos, Maré, Bonsucesso, Complexo do Alemão, Penha, Parada de Lucas e Vigário Geral.
Bairros dominados por Vinicius Drumond no jogo do bicho
Arte/g1
Além do jogo do bicho no Rio de Janeiro, a família Drumond tem negócios no Pará e no Amapá. Em 2006, um dos irmãos de Vinicius, Luiz Antônio, foi preso pela Polícia Federal no Pará com uma arma ilegal em um bingo no centro de Belém.
O g1 apurou que, atualmente, há divergências dentro da família Drumond sobre o espólio após a morte de Luizinho.
Entre seus aliados no crime organizado, segundo as investigações, estão Rogério Andrade, preso acusado de ter mandado matar o rival, Fernando Ignnácio, em 2020; e Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, foragido após a polícia pedir sua prisão por suspeita de ser o mandante da morte de contraventores rivais em 2022.
Vinicius também herdou do pai a influência na escola de samba Imperatriz Leopoldinense. Atualmente, porém, a escola é presidida pela irmã de Luizinho, Cátia. Vinicius é um dos vice-presidentes, mas não é muito participativo do dia-a-dia da agremiação, segundo fontes ouvidas pelo g1.
Quadra da Imperatriz Leopoldinense fica localizada em um dos acessos do Complexo do Alemão, no Rio
Divulgação/Imperatriz Leopoldinense
Furto de petróleo
Segundo MP e Polícia, Vinicius usava o dinheiro do bicho para financiar o esquema de furto de petróleo. Imagens obtidas pelo RJ2 mostram dois dos envolvidos na casa de Vinícius Drumond.
De acordo com as investigações, ele era o chefe estratégico e financeiro da quadrilha. O bando agia no RJ e em outros estados e extraía sobretudo petróleo, a fim de revendê-lo como matéria-prima para a produção de asfalto, borracha e plástico. A investigação começou após uma prisão feita na Bahia.
Luneta apreendida na Operação Ouro Negro
Reprodução/TV Globo
“Nós conseguimos chegar ao financiador, e para a nossa surpresa é o Vinícius Drumond. É a 1ª vez que a gente se depara com um contraventor envolvido nesse tipo de crime”, declarou o delegado Pedro Brasil.
Segundo a polícia, Vinicius teve uma ascensão rápida na contravenção e expandiu seus negócios além do jogo do bicho.
“Com um perfil discreto, mas extremamente influente nos bastidores do crime, ele é apontado como o responsável por diversos esquemas de corrupção e pelo financiamento de operações ilegais, como o furto de combustíveis.”
Joias e relógios apreendidos na Operação Ouro Negro
Reprodução/TV Globo
A DDSD apurou que a quadrilha furtava petróleo dos tubulões com recursos do jogo do bicho. O dinheiro era usado para comprar equipamentos de última geração, para alugar veículos de transporte dos combustíveis e para pagar a funcionários.
Na casa de Drumond, foram apreendidos celulares, além de computador e uma grande quantia em dinheiro, joias, relógios e duas BMWs.
O g1 não conseguiu contato com a defesa de Vinícius. Na delegacia, um advogado que estava acompanhando dois alvos de mandados de busca na operação disse que não iria se pronunciar sobre o caso.
Envolvido em morte de advogado
Advogado Rodrigo Marinho Crespo, de 42 anos, morto a tiros no Rio.
Reprodução
Vinicius Drumond também foi investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital no inquérito sobre o assassinato do advogado Rodrigo Marinho Crespo, em fevereiro de 2024.
As investigações apontam que o policial militar Leandro Machado, um dos presos por participar da vigilância à vítima antes do crime, fez o aluguel do carro utilizado para seguir a vítima antes de sua morte.
Cesar, Leandro e Eduardo, os três presos por envolvimento na morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo
Reprodução
Em depoimento, o dono da locadora Horizonte 16 disse que foi Vinicius Drumond quem indicou que Machado fosse até o local. A Polícia Civil investiga se Drumond é dono da locadora.
Nas investigações, Leandro foi apontado pela polícia como segurança de Vinicius. A mesma locadora aparece nas investigações do caso da quadrilha de furto de dutos de petróleo.
A Justiça já tornou réus o PM Leandro Machado e outras duas pessoas por participação no crime. As investigações seguem para encontrar os executores e mandantes da morte do advogado, que teria sido motivada por conflitos internos da contravenção.
O g1 apurou que a morte do advogado e a investigação da Polícia Civil estremeceu a relação entre Vinicius e Rogério.
Os réus serão levados a júri popular por homicídio por motivo torpe, mediante emboscada e que dificultou a defesa da vítima.