
Até deputados da base dizem que não esperam uma nova Gleisi Hoffmann, com tom mais suave e de diálogo. Para eles, Lula está pensando na articulação que a parlamentar pode fazer com partidos para a próxima eleição. Deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT) afirmou ser contra taxar combustíveis.
Reuters via BBC
Parlamentares receberam com surpresa a escolha de Gleisi Hoffmann para assumir a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) – a ponte política entre o governo e o Congresso Nacional.
Não que o nome de Gleisi já não estivesse sendo especulado e negociado no bastidor, mas pelo que a escolha simboliza.
A articulação política é um cargo que requer diálogo, paciência, pouco ruído e muita política de boa vizinhança. E esse, definitivamente, não é o perfil da nova ministra.
Gleisi Hoffmann é escolhida ministra das relações institucionais
Gleisi vai bem em embates, em defesas enfáticas, em ser a linha de frente de defesa de Lula e do governo. E foi pensando nisso que Lula a escolheu — e não no cargo em si.
Segundo deputados da base governista e também especificamente do PT, Lula abandonou o ‘varejo político’. Entende que isso não funciona mais. E agora está priorizando a eleição do ano que vem.
E como Gleisi pode ajudar nisso?
Segundo esses mesmos aliados, Gleisi fala bem com presidentes de partidos, atua bem no atacado, nos estados, nas bases que tem potencial eleitoral. E é pra isso que ela foi escolhida.
“Lula está de olho na eleição”, disse um governista. “O presidente reformou o cargo, isso sim, porque a Gleisi não vai se transformar, o cargo dela é que ganhará um novo foco” , disse outro deputado da base.
O fato é que sua escolha já está repercutindo mal. A leitura é que Lula está aparelhando o Planalto com intenções eleitorais. E isso tem sido feito a olhos vistos: o recente pronunciamento em rádio e TV parecia uma peça publicitária de campanha.
Muita gente achava, em Brasília, que o nome da Gleisi, ainda nas negociações, era um balão de ensaio de Lula. Não foi.
Os aliados de dentro do Palácio do Planalto diziam que o discurso para defender Gleisi era dizer que ela estava sendo reabilitada como articuladora, e poderia, assim, abandonar o figurino de deputada de tropa de choque.
Não foi balão de ensaio, e também não deve haver uma nova Gleisi. Foi escolha olhando para 2026, dizem os aliados.