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Os acidentes com animais peçonhentos podem aumentar durante o calor. Isso por que esses répteis buscam se abrigar em um lugar fresco, além de procurar uma maior oferta de alimentos, como roedores.
Um caso recente em Santa Catarina foi a captura de três cobras corais-verdadeiras em uma casa no município de Gaspar na terça-feira (18). Mas como evitar cobras no quintal ou dentro de casa?
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Cobra coral-verdadeira – Foto: Instituto Butantan/Reprodução/ND
A primeira dica é justamente deixando o quintal limpo. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, é indicado eliminar o acúmulo de lixo, entulhos e lenha, que podem atrair roedores e, consequentemente, serpentes.
Como se proteger de acidentes com cobras
- Usar botas: evita até 80% dos acidentes durante o corte de vegetação, por exemplo, pois as cobras picam do joelho para baixo. Porém, antes de calçá-las, verifique se não há animais peçonhentos na parte interna.
- Proteger as mãos: não coloque as mãos em frestas, tocas, cupinzeiros, ocos de troncos, entre outros. Use um pedaço de madeira para verificar se não há animais nesses locais.
- Conservar o meio ambiente: os desmatamentos e queimadas, além de destruírem a natureza, provocam mudanças de hábitos dos animais, que se refugiam em celeiros ou mesmo dentro de casas. Evite matá-los.
O que fazer em caso de picada de cobra?
- Tente manter a calma: é essencial para evitar a aceleração do ritmo cardíaco, o que pode ajudar na disseminação do veneno.
- Afaste-se da serpente: certifique-se de estar em um local seguro, longe do animal, para evitar novas picadas.
- Imobilize a área afetada: mantenha a área da picada o mais imóvel possível. Isso ajuda a evitar que o veneno se espalhe rapidamente pelo corpo.
- Evite fazer torniquete ou cortar a área da picada: não tente cortar ou fazer pressão na ferida. Isso pode agravar a situação.
- Não tente sugar o veneno: evite métodos caseiros como sugar o veneno ou aplicar remédios. Eles não são eficazes e podem piorar o quadro.
- Mantenha o local da picada abaixo do nível do coração: isso ajuda a reduzir o fluxo sanguíneo para a área e retardar a propagação do veneno.
- Procure ajuda médica imediata: ligue para a central 193 ou vá rapidamente a um hospital. O atendimento rápido é essencial para a administração do soro antiveneno, caso necessário.
- Se possível, registre a serpente: caso seja seguro, e sem se aproximar demais, tire uma foto da serpente para ajudar na identificação e no tratamento adequado.
- Lembre-se de que o tempo é crucial, e a assistência médica imediata pode ser decisiva no tratamento e recuperação.
Cobras mais perigosas de Santa Catarina
As cobras podem ser classificadas em peçonhentas, que produzem e inoculam veneno, e não peçonhentas. Em Santa Catarina, há quatro espécies perigosas e que você pode encontrar no quintal de casa.
Coral-Verdadeira
Conforme o Instituto Butantan, a coral- verdadeira é considerada uma das serpentes mais perigosas do Brasil. O veneno de alta toxicidade afeta diretamente o sistema nervoso.
Se uma pessoa é picada, os primeiros sintomas podem incluir dormência no local, visão turva e dificuldade na fala. Porém, aos poucos, a peçonha começa a afetar o restante do sistema nervoso, provocando paralisia de músculos importantes, como coração e diafragma.
Apesar de representar todo esse perigo, a coral-verdadeira é muito tímida e vive geralmente escondida entre a vegetação rasteira, buracos no chão e debaixo de pedras. Além disso, é um animal tranquilo, que em raras ocasiões ataca.
Jararaca
Já as jararacas, vivem em muitos ambientes diferentes, como florestas ou campos abertos. Algumas ficam no alto das árvores, outras preferem viver embaixo de rochas e plantas.
Uma das curiosidades sobre a espécie, é que existem remédios produzidos a partir do veneno da jararaca, como o Captopril, que trata pessoas com pressão alta.
Jararacuçu
O veneno da jararacuçu pode causar necrose e inchaço em quem for picado. Ele também pode causar tontura, náusea, vômitos e em alguns casos, a morte por hipovolemia, falência renal e hemorragia intracraniana.
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Jararacuçu – Foto: Egon Fink/Flickr/Reprodução/ND
Cascavel
Segundo o Butantan, a cascavel é uma cobra robusta, que pode atingir mais de 1,50 m de comprimento.
A espécie tem uma forma muito particular de se defender de predadores e outros animais. Na ponta de sua cauda, a cascavel possui um guizo (chocalho) que, ao ser agitado, provoca um som inconfundível, mandando um claro recado a todos ao redor: “Se afaste, eu sou a cascavel e sou perigosa”.
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Cascavel é uma das cobras mais perigosas do estado – Foto: Renato Martins/Reprodução/ND
A cobra é responsável por nada menos que 10% dos acidentes com cobras no Brasil. Seu veneno é bastante tóxico, atacando os músculos e o sistema nervoso.
A picada desta cobra pode causar a sensação de formigamento ou dor no local, geralmente sem lesão ou inchaço muito evidente.
O Butantan explica que o paciente pode até apresentar dificuldade de manter os olhos abertos, visão turva ou dupla, dificuldade de fala, dores musculares generalizadas e urina escura.