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As pesquisas mais recentes mostram a popularidade de Lula em queda livre. O grande impulso para tal quadro é, por certo, o custo de vida que experimenta um caminho oposto ao da popularidade do presidente e só sobe. Um único ovo de galinha, no atacado, já está custando mais de R$ 1,00.
O desgaste, contudo, é anterior a isso e tem evidentes raízes políticas. Com dificuldades para governar, Lula faz o que pode para obter apoios e ter algum equilíbrio, buscando pontes com partidos de direita e de centro. Nísia Trindade, outrora prestigiada ministra da Saúde, saiu para dar lugar a Alexandre Padilha, petista de perfil bastante político e que poderá atender a oposição com mais eficiência. José Guimarães, líder petista na Câmara, será substituído por algum parlamentar do “centrão”. Mas que parlamentar desse grupo gostaria de associar seu nome ao governo? Essa já é uma pergunta central no momento.
De fato, o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões, é o deputado mais cotado para assumir a liderança do governo Lula na Casa. Mas ele tem sido aconselhado por parte do “centrão” a rejeitar o cargo caso receba o convite. Parece que um desses aliados teria dito algo como “esse barco vai afundar” obviamente se referindo ao governo federal atual.
A cautela é perfeitamente compreensível. Os políticos sabem que ignorar a voz do povo pode lhes ser fatal. Ninguém sabe, agora, qual é o fundo do poço dessa queda de popularidade lulista e, mais ainda, não se sabe sobre o seu poder de contaminação, sua força atrativa. Justamente por isso, manter distância pode ser não somente bom, mas necessário como estratégia de sobrevivência política.
Aliás, uma expressão de criação de um bolsão de distanciamento vem do próprio presidente da República, que nem celular tem e também se mostra bastante seletivo na recepção até mesmo de aliados em seu gabinete.
Há quem responsabilize a primeira-dama Janja por essa nova postura de Lula, como há quem veja apenas e tão-somente em tal proceder uma decisão pessoal do presidente que, com quase 80 anos, se mostra farto das idas e vindas do jogo político.
Para piorar um pouco mais, 2026 foi antecipado e, do lado das esquerdas, não se cogita outro nome que não seja Lula. Extremamente popular, conhecido, carismático e habilidoso, o atual presidente da República não tem substituto no horizonte em seu campo ideológico.
O nome natural para ocupar esse posto já foi Fernando Haddad, fiel escudeiro de Lula, mas com zero carisma, como a eleição de 2018 bem comprovou. Opção seria Guilherme Boulos, que até tem carisma e boa penetração entre os jovens, mas pouca habilidade política. Ambos, Haddad e Boulos, colecionam derrotas eleitorais e não se mostram viáveis para 2026.
Lula vem de todo modo ou sai de cena e vai curtir o que lhe resta de vida como uma pessoa comum? Eis a questão.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG